O animal mais velho do mundo

Das linhas de pesquisa em que estou envolvido, a que poderia considerar de maior sucesso é a de envelhecimento de populações. A notícia interessante mais recente é descoberta do animal mais velho do mundo: um mexilhão.

O molusco acima tinha 405 anos. A idade foi determinada contando as linhas na concha (uma a cada ano). O animal foi encontrado a 80 metros de profundidade, na costa da Islândia. Os pesquisadores estavam estudando exatamente as linhas de crescimento, tentando obter informações de como o clima teria variado ao longo dos anos. Acidentalmente encontraram o bicho acima, com 405 linhas. O recorde atual no Guiness é de um outro molusco, que morreu bem mais jovem, aos 220 anos.

O que faz os moluscos viverem tanto é um metabolismo lento, em que a substituição das células é feita de maneira bem vagarosa. A questão, do ponto de vista da teoria evolucionária do envelhecimento (que é o que eu estudo) é porque os moluscos desenvolveram esta estratégia: é mais vantajoso, para a grande maioria das espécies, amadurecer sexualmente mais cedo, reproduzir logo e morrer mais cedo. Reproduzindo mais cedo evitam o risco de morrerem por outras causas.

Agora, chegando as férias de verão, já tem o que fazer quando estiverem na praia: catem conchas e contem os anéis. Comparado com as outras maneiras dolorosas de se entrar no Guiness, esta é bem agradável.