Eu gosto muito dos blogs Efetividade, do Augusto Campos, e Christiano Anderson. Há uns poucos dias, o Efetividade mostrou um estudo de uns psicólogos da Penn State em que sugerem que o trabalho em casa , sob certas condições, é mais vantajoso que o trabalho na empresa. O primeiro fato a ser levado em conta é que a dispersão dos resultados é grande: é preciso uma dose de disciplina extra para se obter os resultados em casa.
Existe um outro fator importantíssimo que não vejo discutido com a devida relevância: existem alguns trabalhos que podem ser feitos em casa e outros que não devem ser feitos em casa. Eu trabalho em uma universidade e em um instituto onde a pesquisa e a pós-graduação ocupa um papel fundamental. Universidade vem do latim ”universitas magistrorum et scholarium”, comunidade de professores e estudantes, ”universus” em Latim expressa a idéia de todos em um, Academia vem do grego Ἀκαδημία, de grupo honorário (obs: aprendi em uma aula com o Capitão Nascimento, às 4:45 da manhã, e segurava uma granada). Todas as definições apontam para a idéia de grupo, comunidade. Minha linha de pesquisa é interdisciplinar, exige colaboração com pessoas de fora da Física. Ou seja, tem que ser um trabalho necessariamente feito em grupo, principalmente porque envolve a formação de novos pesquisadores. Se os mais novos não encontram com os mais velhos, certamente, terão o amadurecimento retardado comparado com outros que colaboram.
Naturalmente, a ausência do local de trabalho não é geral. Os experimentais não sofrem com isto: os estudantes frequentam o laboratório porque não podem ter um em casa. Por outro lado teóricos, como eu, que necessitam apenas de computadores e acesso à internet (ok, ar condicionado e café também são itens essenciais), com o barateamento destes itens tem ficado mais em casa. Temos computadores melhores e em maior número por aqui, mas podem ser acessados externamente.
Eu também tenho dados sobre esta mudança de comportamento, embora não pretenda publicá-los em uma revista de psicologia, como os colegas da Penn State: o grau de colaboração entre estudantes e estudantes e professores (medido pelo número de autores em cada artigo publicado) caiu. Estudantes produzem menos e professores produzem mais com outros professores (pois conseguem fazer isto graças à experiência). Aqui no IFUFF ainda temos um elevado grau de publicação do corpo discente comparado com instituições de mesmo nível, talvez devido aos experimentais. O pior é que é um fenômeno nacional: eu converso com estudantes de outras instituições e o esvaziamento das mesmas é geral.
Para estas atividades, MSN não serve (o pidgin tem até plugin para LaTeX, mas é altamente improdutivo). Email não serve. Interação serve.
Em resumo, aqui na Física o inimigo da produtividade é o ssh.
Voltando ao raciocínio: Universidade, do árabe جامِع, do armênio համալսարան, do russo университет, do curdo زانکۆ, دانیشتگا, do esperanto universitato, do grego πανεπιστήμιο, do hebraico אוניברסיטה, do finlandês yliopisto, do tailandês มหาวิทยาลัย, do persa دانشگاه, do polonês uniwersytet …