Simulações Computacionais: produto do desenvolvimento científico

Este post é motivado pela chamada no BR-Linux sobre o artigo Simulação Computacional: Produto do Desenvolvimento Tecnológico, do TecnoSapiens. Além deste post, outra razão é a profunda decepção com o fechamento do laboratório de Física Básica da Bell Labs. Me esforçarei muito para tentar manter o post o mais curto possível.

Primeiro o fechamento do laboratório da Bell Labs, depois da fusão com a Alcatel-Lucent e a decisão de mudar para áreas de aplicações mais rapidamente negociáveis como redes, comunicação sem fio, nanotecnologia e software. Para quem não sabe, foi na Bell Labs que John Bardeen, Walter H. Brattain e William Shockley desenvolveram o primeiro transistor em 1947 (sem se alucinadamente preocupar com o “negociável”). O laboratório de Física Básica ainda nos deu o laser, Unix, linguagem C, teoria da informação, difração de elétrons, detecção da radiação cósmica de fundo, aprisionamento de átomos, primeira WLAN e outros que renderam 6 Prêmios Nobel. Dá para ver que sem o Bell Labs não estaríamos no estágio que estamos hoje. A Alcatel-Lucent está optando por aplicações mais imediatas (nada mais justo) porém abrindo mão da pesquisa básica. É, ou não é, a velha estória da galinha dos ovos de ouro ?

No artigo Simulação Computacional: Produto do Desenvolvimento Tecnológico, o autor se concentra nas novas tecnologias, embora cite rapidamente a importância de lasers e transistores. O mesmo também cita do desenvolvimento a partir dos anos 70 e nos últimos anos. No entanto, o mesmo avanço foi perseguido pelos cientistas, e com grande sucesso, já há muito mais tempo. Como professor de uma universidade que também oferece cursos de informática – e que tem optado por reduzir a carga horária de Física –, isto não me causa surpresa. Frequentemente ouço reclamações de estudantes que não sabem para que estudar física – os mais radicais ainda reclamam que nem precisam estudar e tirar diplomas pois toda a informação está disponível na rede e que diploma não conta nada. Os estudantes de computação não sabem, de uma maneira geral, como funciona um HD, um gravador de CD, diferença no processo de gravação de entre CD-R e CDRW, que um físico brasileiro foi importante para termos a proliferação de MP3's e MP'4s que temos hoje, etc. Muito vão dizer que para usar não precisam saber como funciona, OK, mas para criar e inovar, precisam! A experiência de conviver com algo inovador e que é diferente do que existe (“mercado”) talvez seja o diferencial de um curso superior.

A inovação está muito mais perto da ciência que da tecnologia. Vejam que a indústria de games está migrando para aquilo que os cientistas já trabalham há algum tempo: paralelismo, por exemplo. Há pouco tempo, FORTRAN 95 era (talvez ainda seja) a melhor linguagem para códigos paralelos (você está pensando “que horror: uma linguagem não orientada a objetos!”???). Vejam, por exemplo, as "physics engines" que exploram o que oferecem as novas GPUs.

A figura que ilustra este post é o primeiro transistor, de Bardeen, Brattain e Schokley. Como curiosidade, este foi o primeiro Nobel de Bardeen. O segundo foi a Teoria_BCS, para explicar o fenômeno da supercondutividade. Viram? Quem inventou o transistor, também se preocupava em explicar os fenômenos naturais. Você está tendo acesso a este post pela Web. Onde a Web foi criada ;-) e para que ?

blog/entradas/simulacoes-computacionais-produto-do-desenvolvimento-cientifico.txt · Última modificação: 27/Mar/2010 23:52 (edição externa)
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