Arch Linux no Sony Vaio TZ190N

Vou colocar aqui a minha experiência ao instalar o Arch Linux no meu notebook Sony Vaio. Antes alguns esclarecimentos: foi minha primeira experiência instalando o Arch Linux, portanto é aceitável que eu tenha mais dificuldade que outros mais experientes na distribuição. Como o Arch não é para iniciantes, este não será um post didático sobre instalação. Por que escolhi o Arch, depois de tanto tempo usando o Debian e que roda direitinho no notebook ? A principal razão está neste post, onde peço sugestões de distribuições que rodem o Gnome 2.24. Tradicionalmente o Gnome não fica pronto logo no Debian. Recebi sugestões de Ubuntu e Arch Linux, entre outras. O Ubuntu eu instalei no meu antigo notebook, com HD de 120Gb e tudo correu bem. Este Vaio tem um SSD de 32 Gb, então preferi uma distribuição que fosse enxuta: inchado, basta eu.

Baixei a iso de teste, dias antes de virar a atual estável. Optei pelo ext4, mas criei uma partição especial para o boot, já que antes da versão ser considerada estável, li uns relatos de problemas com o GRUB. A instalação é tranquila (se você sabe usar o cfdisk) e logo tinha o prompt aparecendo. A documentação do Arch é vasta e precisa: eu prefiro procurar nos wikis do Gentoo e Arch do que no do Debian que, provavelmente pensando no pessoal que usa modem de 2400, tem um site feio espartano. A velocidade do boot é impressionante, não só porque não tem nada ainda mas porque o ext4 em um SSD é bala!

X e Gnome

Instalei o X e o Gnome e não funcionaram o scroll do touchpad e a resolução máxima de 1366×768 (entrou 1024×768). O Arch vem com o Xorg 7.4, que permite o hotplugging, isto é, você não precisa do xorg.conf (WoW!!!) mas pode precisar editar uns arquivos .fdi em XML direto. Evolução é, frequentemente, difícil de entender. Resolvi fazer o seguinte: removi o xorg.conf criado e isto resolveu o problema da resolução: automaticamente entrou em 1366×768. O problema do touchpad é que ele era um ALPS(e aí no “info.product” naão aparece “Touchpad', como descrito no Wiki do Arch. Descobri olhando no /var/log/Xorg.0.log. Para fazê-lo funcionar e, de quebra, ficar melhor que nas outras instalações, meu /etc/hal/fdi/policy/11-x11-synaptics.fdi ficou assim

<?xml version="1.0" encoding="ISO-8859-1"?>
<deviceinfo version="0.2">
  <device>
    <match key="info.product" contains="AlpsPS/2 ALPS GlidePoint">
	<merge key="input.x11_options.AlwaysCore" type="string">true</merge>
	<merge key="input.x11_options.Protocol" type="string">auto-dev</merge>
	<merge key="input.x11_options.Emulate3Buttons" type="string">true</merge>	  
	<merge key="input.x11_driver" type="string">synaptics</merge>
	<merge key="input.x11_options.SHMConfig" type="string">true</merge>
	<merge key="input.x11_options.FingerLow" type="string">7</merge>
	<merge key="input.x11_options.FingerHigh" type="string">8</merge>
	<merge key="input.x11_options.LeftEdge" type="string">70</merge>
	<merge key="input.x11_options.RightEdge" type="string">960</merge>
	<merge key="input.x11_options.TopEdge" type="string">70</merge>
	<merge key="input.x11_options.BottomEdge" type="string">680</merge>
	
	<merge key="input.x11_options.VertEdgeScroll" type="string">true</merge>
	<merge key="input.x11_options.HorizEdgeScroll" type="string">true</merge>

	<merge key="input.x11_options.TapButton1" type="string">1</merge>
	<merge key="input.x11_options.UpDownScrolling" type="string">true</merge>
	<merge key="input.x11_options.CircularScrolling" type="string">true</merge>
	<merge key="input.x11_options.CornerCoasting" type="string">true</merge>

	<merge key="input.x11_options.VertTwoFingerScroll" type="string">1</merge>
	<merge key="input.x11_options.HorizTwoFingerScroll" type="string">1</merge>

    </match>
  </device>
</deviceinfo>
A configuração acima permite scroll na horizontal e vertical. Sim, isto funcionaria em qualquer distribuição, mas só me atrevi a fazer no Arch pois tinha que fazer mesmo uma do zero…

Rede

A conexão ethernet funcionou. Para funcionar a rede sem fio bastou instalar o pacote iwlwifi-4965-ucode. As informações relevantes do lspci são:

02:00.0 Ethernet controller: Marvell Technology Group Ltd. 88E8055 PCI-E Gigabit Ethernet Controller (rev 13)
03:00.0 Network controller: Intel Corporation PRO/Wireless 4965 AG or AGN [Kedron] Network Connection (rev 61)
Como descrito em um post anterior, eu uso um roteador Linksys em casa, que serve de DNS para a rede interna. Para que o notebook anunciasse seu nome e fosse reconhecido pelas outras duas máquinas, acrescentei no /etc/dhcpcd.conf
hostname lepton
o nome lepton vem do grego e significa “leve” e é usado em Física para designar as partículas leves como os elétrons (o note tem 1,2Kg comparado com os quase 5kg do meu falecido note HP).

Som

Por sugestão do pessoal do IRC, tentei primeiro o oss4. Funcionou legal, só que não voltava quando tentava suspender. Desisti e voltei para o alsa: nada a reclamar.

Bluetooth

O ponto fraco. Quando instalei, quase nada funcionava. No dia seguinte, fiz uma atualização e o bluez-gnome foi trocado pelo blueman e me fez sentir um idiota, por todo o tempo em que usei o bluez-gnome. Devo ressaltar que os problemas do Arch também existem no Ubuntu e parece ser coisa do Gnome 2.24: exatamente a razão pela qual retirei o Lenny. Bateu saudade…

Bus 005 Device 011: ID 044e:300d Alps Electric Co., Ltd Bluetooth Controller (ALPS/UGPZ6)
O problema é que o Nautilus não aceita o protocolo obex para comunicar com o celular. O workaround foi usar o obexfs para montar o celular em um diretório e aí usar o Nautilus. Basta instalar o fuse e o obexfs e talvez aguardar um ou dois dias até o pessoal acertar.

ACPI e teclas de função

Em matéria de teclas de função e acpi bateu o Lenny e o Ubuntu. Suspender para a RAM e para o disco funcionam que é uma beleza (tá, tive que colocar o resume=/dev/sda2 no GRUB). As teclas de luminosidade, que davam kernel panic no Debian, funcionam perfeitamente. Só um bug incomoda: ao pressionar o botão de desligar, aparece um menu entitulado “Desligar este sistema agora” e as opções são Trocar Usuário ou Cancelar Sessão: não aparecem “Suspender”, “Hibernar” ou “Desligar”. O menu e o gnome-power-manager tem as opções corretas e funcionam.

Câmera

Igual aos outros. O endereço que coloquei para o driver, no post da instalação do Lenny, não funciona mais. Baixei a versão mais recente no launchpad do Ubuntu, embora o driver seja mantido aqui. Para usar o Cheese tive que fazer a mesma alteração que foi necessária no Lenny.

Software

Estou rodando a versão mais nova do flash player em 64bits, tenho o plugin Java da Sun que permite acesso limitado ao Banco do Brasil e tudo aquilo que preciso, gastando menos de 4Gb e não tem quase nada que eu não precise. É o sistema mais rápido que já vi (na UFF eu tenho um Quadcore e parece responder menos que este Core2Duo aqui).

Considerações finais

Pelo menos para este caso especial (notebook com pouco espaço em disco) o Arch me conquistou. Vai ficar aqui. O que eu relatei acima não são todas as dificuldades que passei. Eu tenho que agradecer principalmente ao pessoal do canal #archlinux-br (hdoria,yporti,devzR,skate_forever e outros) por toda a ajuda.

Eu não tenho muiiitas saudades do Debian pois continuo usando ele no desktop e servidores e não vou largar (rolling releases não são para isto). O que tem no Debian e que eu gostaria de ter no Arch é um sistema de procura de pacotes realmente decente, por mais de uma keyword, com frases, etc., assim com o apt-cache. No Arch é mais comum ir ao site (ou no Google) e procurar e isto não é o mais eficiente. Um outro ponto positivo é a facilidade de atualizar pacotes a partir dos fontes. No debian, eu baixava a versão anterior, a versão atual e usava o uupdate, no arch é só baixar a versão mais atual e o PKGBUILD e alterar duas linhas: a versão e o hash (md5sum).

Eu apanhei muito e sou bastante experiente com Linux (desde 1994). Há muito tempo que não precisava configurar tanta coisa. O que eu posso dizer é que valeu cada segundo. em uma distribuição como o Arch (o Debian também), a instalação é o menos importante. Facilidade de instalação é para Windows, um sistema em que reinstalar é a saída mais usada. Eu prefiro sistemas que eu gaste quatro dias instalando e cinco anos usando satisfeito (como era o meu BR-CDD).

A documentação é um ponto alto, principalmente porque o público é um pessoal mais especializado. Aliás, ninguém disse isto, mas espero que seja. Acho que o Arch não tem que competir como a distribuição mais popular do Linux, porém como a melhor para aquilo que se destina. Nisto, eles estão bem próximos.

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